Alckmin discute com big techs regulação e investigação de Trump e diz que Brasil conversa com EUA de 'forma reservada'

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O vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB) discutiu nesta segunda-feira (21) com representantes de grandes empresas de tecnologia americana a investigação contra o Brasil pelo governo norte-americano de Donald Trump e a regulação da atuação das grandes empresas de tecnologia no Brasil.
Segundo a assessoria do vice-presidente, foram convidados para o encontro representantes do Google, Meta (dona do Facebook, Instagram e WhatsApp) e Apple, além da rede de cartões Visa.
"Tivemos um bom diálogo com as big techs, porque elas foram citadas no documento do presidente [Trump] e é o primeiro item da investigação. Tem questões que não são do Poder Executivo, são de outro poder, e os poderes são independentes, mas a gente pode fazer aí uma boa aproximação", disse.
Questionado se as empresas se queixaram do Pix, que entrou na mira dos Estados Unidos dentro da investigação aberta a mando de Trump, Alckmin disse que as empresas não demonstraram preocupação com o sistema de pagamentos.
Indagado ainda se as empresas demonstraram descontentamento com a fala do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) de que vai cobrar imposto das empresas americanas de tecnologia, Alckmin disse que o assunto não foi debatido e que o governo continua conversando com os EUA.
"Não, eles não tocaram nesse assunto de taxação, nem tocaram nesse assunto. E queria dizer a vocês que nós estamos em conversa com o governo americano pelos canais institucionais e de forma reservada. As conversas estão caminhando pelos canais institucionais e de forma reservada", afirmou o vice-presidente.
Alckmin, que nesta segunda está no exercício da Presidência da República por causa da viagem do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) ao Chile, lidera o comitê criado pelo governo federal para tentar negociar um recuo dos EUA.
Em 9 de julho, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, enviou uma carta endereçada ao presidente Lula, onde determinou taxas de 50% para produtos brasileiros que são importados pelos Estados Unidos.
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Jornal Nacional/ Reprodução
Big techs no tarifaço
Segundo o blog do jornalista Otávio Guedes, cresce dentro do governo federal a leitura de que o tarifaço de Donald Trump também tem como causa os interesses das big techs no Brasil.
O interesse das big techs no tarifaço seria os ataques diretos ao Supremo Tribunal Federal (STF), que tem tratado da regulação das redes sociais. Ao anunciar a tarifa de 50%, mirou no STF.
Tarifaço de Trump
Na carta, Trump cita o julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), que é réu no STF por tentativa de golpe de Estado.
Na mensagem, Trump afirmou que a decisão de aumentar a taxa foi tomada "em parte devido aos ataques insidiosos do Brasil contra eleições livres e à violação fundamental da liberdade de expressão dos americanos".
Em resposta, o presidente Lula chamou de "chantagem inaceitável" a decisão de Trump e afirmou que o governo está estudando medidas para negociar com os Estados Unidos.
Uma das medidas tomadas pelo governo brasileiro foi a regulamentação da Lei da Reciprocidade e a criação de uma comissão para discutir a aplicação de reações a eventuais tarifas.
A medida estabelece procedimentos para que o Brasil possa suspender "concessões comerciais, de investimentos e obrigações relativas a direitos de propriedade intelectual em resposta a ações unilaterais de países ou blocos econômicos que afetem negativamente a sua competitividade internacional".
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Outras reuniões de Alckmin
Alckmin, que acumula o cargo de ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio (MDIC), iniciou na semana passada a rodada de consultas aos setores que serão afetados pela tarifa anunciada por Trump.
Desde a semana passada o comitê tem realizado reuniões com diversos setores afetados pelas tarifas. O vice-presidente teve reuniões com representantes da indústria e do agronegócio.
Nesta segunda-feira, Alckmin tem previsão de conversas com integrantes da Comissão do Comércio Internacional (INTA) do Parlamento Europeu e com o presidente da Federação das Indústrias do Estado do Rio Grande do Sul (Fiergs), Claudio Bier.
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