Dólar oscila, atento ao avanço das discussões no Brasil sobre o tarifaço de Trump

Decreto que regulamenta Lei de Reciprocidade assinado por Lula é publicado
O dólar oscila no início do pregão desta terça-feira (15). Às 9h01, a moeda norte-americana caía 0,02%, cotada a R$ 5,5825. O Ibovespa, principal índice de ações da bolsa de valores brasileira (B3), só começa a operar às 10h.
Na véspera, o dólar fechou em alta de 0,65%, cotado a R$ 5,5837, o maior valor em mais de um mês. Já o Ibovespa caiu 0,65%, fechando aos 135.299 pontos.
▶️ Investidores acompanham a reação do Brasil ao tarifaço do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, que impôs taxa de 50% sobre produtos brasileiros. O vice-presidente do Brasil, Geraldo Alckmin, se reúne hoje com empresários para discutir a crise, e o governo publicou o decreto da Lei da Reciprocidade Econômica. (leia mais abaixo)
▶️ No exterior, também seguem as movimentações de Trump no comércio: ontem, ele anunciou a possibilidade de tarifas de até 100% contra a Rússia, caso não haja acordo de paz na guerra contra a Ucrânia. Além disso, no fim de semana, divulgou taxas de 30% ao México e à União Europeia, que buscam negociações para amenizar os impactos.
▶️ Dados da China e dos EUA também pesam. O PIB chinês cresceu 5,2% no 2º trimestre, sinalizando que o país conseguiu driblar as tarifas comerciais impostas por Trump. Nos EUA, saem hoje dados de inflação que também devem mostrar os impactos do tarifaço por lá.
▶️ No Brasil, o mercado ainda monitora a audiência de conciliação no STF sobre o IOF, marcada para as 15h. O governo defende a medida como justiça tributária, enquanto o Congresso critica a alta de impostos sem cortes de gastos.
Veja abaixo como esses fatores impactam o mercado.
Entenda o que faz o preço do dólar subir ou cair
💲Dólar
a
Acumulado da semana: +0,65%;
Acumulado do mês: +2,76%;
Acumulado do ano: -9,64%.
📈Ibovespa
Acumulado da semana: -0,58%;
Acumulado da semana: -0,66%;
Acumulado do mês: -2,57%;
Acumulado do ano: +12,48%.
Brasil estuda como responder Trump
Alckmin fala sobre reação do Brasil a tarifaço de Trump
O vice-presidente Geraldo Alckmin vai realizar duas reuniões com representantes da indústria e do agronegócio nesta terça-feira (15) para discutir a resposta brasileira ao tarifaço de Trump. (veja aqui quem vai participar)
🔎 Resumo: a medida norte-americana impõe uma tarifa de 50% sobre todos os produtos brasileiros exportados para os EUA a partir de 1º de agosto. A decisão foi criticada pelo governo Lula, que considera a ação uma retaliação política — motivada por críticas de Trump ao Supremo Tribunal Federal e em defesa de Jair Bolsonaro.
As reuniões são parte do trabalho de um comitê interministerial criado pelo presidente Lula, que reúne o Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC), a Casa Civil, o Ministério da Fazenda e o Ministério das Relações Exteriores.
O objetivo do governo é ouvir os empresários, dimensionar os impactos da medida americana sobre as exportações brasileiras e discutir eventuais contramedidas.
O presidente Lula já mencionou que a Lei da Reciprocidade Econômica está entre os instrumentos legais que o Brasil poderá usar para responder às tarifas, caso a decisão dos EUA avance.
O decreto que regulamenta a lei foi publicado nesta terça. No documento, foram estabelecidos procedimentos para que o Brasil possa suspender "concessões comerciais, de investimentos e obrigações relativas a direitos de propriedade intelectual em resposta a ações unilaterais de países ou blocos econômicos que afetem negativamente a sua competitividade internacional".
Trump diz, porém, que se o Brasil reagir elevando suas próprias tarifas, os EUA aumentarão ainda mais as taxas sobre produtos brasileiros.
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Tarifas contra o México, UE e mais
União Europeia declara que está pronta para responder às tarifas de Donald Trump
Na semana passada, o presidente Donald Trump prorrogou até 1º de agosto a trégua tarifária iniciada em abril, dando mais três semanas para concluir acordos comerciais ainda pendentes. No entanto, em um movimento de pressão, publicou 25 cartas notificando mudanças tarifárias a países parceiros.
As últimas notificações foram enviadas ao México e a União Europeia, que receberam taxas de 30%. Além disso, Trump anunciou uma tarifa de 50% sobre todas as importações de cobre nos EUA e de até 200% sobre produtos farmacêuticos.
Em resposta, a União Europeia estendeu a suspensão das medidas do bloco contra o tarifaço até o início de agosto, visando uma solução negociada para o comércio com Washington.
Nesta segunda (14), o ministro das Relações Exteriores dinamarquês, Lars Lokke Rasmussen, disse que as tarifas são "absolutamente inaceitáveis", mas que os membros da UE tentarão negociar com os EUA.
🔎 A volta das atenções de Trump para as tarifas reacende preocupações sobre eventuais efeitos dessas taxas na inflação dos EUA e do mundo. Isso porque a leitura dos investidores é que as taxas impostas por Trump podem acabar aumentando os custos de produção baseados em produtos importados e, consequentemente, elevar os preços ao consumidor.
Caso se concretize, esse cenário tende a pressionar a inflação norte-americana e pode forçar o Fed a manter os juros do país altos por mais tempo — o que, por sua vez, também poderia fortalecer o dólar e afetar as taxas de juros de outros países pelo mundo.
O republicano também ameaçou, nesta segunda-feira, um pacote de tarifas severas à Rússia, caso o governo de Putin não alcance um acordo de paz com a Ucrânia em até 50 dias. Segundo o presidente norte-americano, as taxas serão de "cerca de 100%", além dos valores já aplicados atualmente.
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Amanda Perobelli/ Reuters
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